Quando falamos de qualquer arte oriental asiática, temos que entener a forma de expressar destes povos. Antes de tentar definir uma arte marcial pela técnica e forma de lutar ou de efetuar os golpes é interessante estudar a etimologia da palavra. Dentre todas as artes que estudamos acho que o entendimento desse Kanji faz compreender perfeitamente a sua filosofia e os seus objetivos.
Mas observando bem o kanji percebemos que o lado esquerdo é tão importante quanto o direito. Ele representa o guerreiro que segura a espada, que a conduz. Vemos que o Kanji só tem sentido quando Homem e espada se tornam uma única coisa um único significado. É bom ressaltar que Ken é uma espada empunhada e
Num segundo estágio percebe-se que não há necessidade de Lâmina sendo a intenção e vontade do homem a única coisa que a diferencia de um pedaço de madeira a uma espada de aço com fio.
Partes da Espada
Considerando a Katana como tipo principal na prática de kenjutsu temos o seguinte esquema para Lâmina e espada montada:
Cada técnica seja ela de bloqueio como de ataque usa uma parte apropriada da espada, mudando assim a angulação de uso da mesma. Por isso se faz necessário entender cada parte e sua função, como a forma de construção das mesma. Em relação a Lâmina a sua angulação material, exposição do fio, hamon. e outras partes importanes tiveram uma considerável evolução durante as eras no japão, gerando assim os diversos estilos de espada
Estilos de kenjutsu
Considerando o uso de uma Katana, existem três estilos de Kenjutsu, cada um deles vai se diferenciar em como o combate se inicia, como termina, os tipos de corte e de kamae usados.
- Kendo: Caminho da espada, onde considera-se muito cada corte dado. Cada técnica dada em combate tem um deai exato, um momento. Lema: ”um corte, uma morte”, não se empunha levianamente uma katana, ao se desembainhar uma espada ela deve ser usada em combate e terminar a luta.
- Iaido: Caminho do desambainhar a espada. Considera-se que a espada reclusa dentro de sua Saya retém a força e o espírito acumulando o máximo de Ki possível. O corte se torna mais forte e mais difícil de prever, é uma variação do Kendo, com mesma filosofia, ou seja, cada corte deve-se finalizar um combate, sendo que a cada técnica, cada Kiri, a espada retorna ao seu estado incial: dentro da Saya onde ele se mantém viva.
- Batou: Retalhar. Aqui so interessa o fim do combate, não importa como chegar a ele. São técnicas mais curtas, onde são usados mais golpes de talhar do que cortar, o estudo principal é o redirecionamento da lâmina da espada quando esta se choca com a espada do oponente em combate, assim o corte é desviado a outra área aberta e depois de efetuar um talhar ou um corte menor se faz um corte mais longo pra finalizar o combate.
Kiri: O corte e suas partes.
Kiri significa corte, e pra ser bem efetuado o praticante necessita entender e executar bem as partes que o compõe. Um dos maiores guerreiros espadachins do Japão escreveu um livro sobre a estratégia de espada. Esse livro é o Gorin no Sho (livro dos cinco anéis), escrito por Miyamoto Musashi. Cinco anéis são cinco capítulos cada um com um nome de um elemento, onde ele descreve toda a estratégia e técnica da sua escola. No primeiro e segundo livro, Terra e Água respectivamente, ele descreve a partes que compõe a técnica e o corte, e as suas importâncias.
Dentro do estilo kanagawa temos a visão do Nidaime Shihan Yohanesu Dono.
- Deai/maai
- Kamae
- Guarda
- Hasouji
- Tennouji
- Tomeru
- Kiai
- Ken
- Shin
São nove partes que se dividem em três grupos de três partes cada grupo se refere a um foco da técnica: estratégia, corte limpo, e projeção, ou pode-se dizer corpo, mente e espírito da técnica.
O corpo
O corpo da técnica está ligado com a Limpeza do Kiri, fazendo com que o mesmo tenha aproveitamento e eficiência máximas. Consideramos a parte que depende do entendimento do praticante sobre a espada, sua forma de construção, angulação de corte, a parte física da arte. Divide-se em três partes:
1. Hasouji: significa alinhamento do corte. Um corte alinhado ganha velocidade e precisão. Um corte não alinhado pode entortar ou até quebrar a espada. Para saber se um corte está alinhado, não acompanhamos o seu movimento, simplesmente escutamos o som que a mesma libera no ar, como um assobio, o barullho do metal cortando o ar, um corte alinhado possui um barulho alto e agudo.
2. Tennouji: significa trajetória da espada, onde o corte começa e onde ele termina, assim como o desenho que lâmina descreve no ar. Essa parte depende do kamae anterior ao corte e do kamae posterior ao mesmo. Diz-se que em Kendo cada corte é melhor dado quando incia o seu movimento naquela Kamae específico. Assim quando estamos em luta ou executando uma técnica devemos retornar ao kamae necessário pra executar um certo tipo de corte. Também depende do Deai e maai, ou seja se conecta ao distanciamento e tempo entre o oponente.
3. Tomeru: significa literalmente “parar, ou parada” onde a espada deve ser retida pra reiniciar o ciclo do próximo corte e onde deve parar para que não haja dano a katana, batendo a espada no chão por exemplo. Um espadachim experiente consegue unir o movimento dos cortes e sabe parar em uma posição onde ele consiga se defender da reação do oponente caso esse não tenha sido alvejado no corte anterior.
A mente
A mente é a estratégia no kenjutsu. O praticante pode dominá-la executando bem os seus fundamentos e compreendendo como eles interferem no ritmo do combate. São conceitos muito básicos pra qualquer praticante de artes marciais, de modo que aqui só me propus a colocar a relação dos mesmos com o kenjutsu, pois em outras partes do tora maki esses conceitos serão bem mais detalhados e explicados.São eles:
1. Deai/Maai: são dois conceitos que se complementam e não existem isoladamente. O deai está ligado ao posicionamento antes da técnica, o tempo de movimentação o momento que ele vai acontecer e a velocidade. O Maai marca a distância exata entre o oponente e o praticante pra que este incie a técnica. Geralmente o deai é representado por um círculo que é onde sua técnica tem poder de afetar, no kenjutsu o linha do círculo representa o maior poder de corte que o praticante consegue. O Maai é á distância q o opoente vai percorrer até o praticante e quando ele se torna o alvo perfeito para o mesmo.
2. Kamae: significa postura, posição das mãos e Dachi(base executada com as pernas). Podemos classificar o kamae quanto a três características:
2.1. Nível do kamae: se refere a posição das mãos e da espada em relação ao praticante:
2.1.1. Superior: onde a espada se encontra acima da linha dos ombros para efetuar um corte descendente ou lateral. Uma posição onde a gravidade ajuda a força do corte, um corte forte e rápido pode ser desferido a qualquer instante.
2.1.2. Médio: onde a espada se encontra a frente do praticante e os braços relaxados. Posisção onde pode-se afastar o oponente e executar qualquer tipo de corte, não tão forte mas eficiente segundo a variedade de movimentos e técnicas que se pode executar.
2.1.3. Inferior: onde a espada se encontra abaixo da linha da cintura, aqui a espada tem um grande espaço pra movimentação sendo executados grandes cortes. A força dos mesmos é aumentada usando o movimento do corpo, principalmente o quadril e os pés.
2.2. Distância dos pés: interfere no tamanho da postura e na sua altura modificando a intenção do praticante durante o combate.
2.2.1. Aberto: um kamae aberto é mais baixo, as pernas estão mais distanciadas, postura perfeita pra proteger as partes vitais e afastar o oponente, alguém com esta postura deve possuir uma grande força nas pernas pra se movimentar a partir desta posição, é uma posição de descanso na luta. Posição defensiva
2.2.2. Fechada: um kamae mais alto, onde os pés quase se tocam, aumenta a velocidade do momvimento, usando o desequilíbrio pra diminuir a percepção do oponente, e o tempo de execução da técnica. É mais perigoso pois as partes vitais estão mais perto da zona de combate. É usado por pessoas que possuem um ótimo Tai sabaki(esquiva) e possuem um bom conceito de deiai e maai. Posição ofensiva
2.3. Posição da mão principal: aqui a mão direita geralmente é a principal, a que fica perto da tsuba, portanto um corte pode ficar mais forte ou mais fraco dependendo do movimento executado
2.3.1. Omote: movimento do corte e posicionamento a favor da mão direita. A postura dos braços está natural, o corte acontece de maneira mais tranqüila e sem esforço, mais forte e mais rápido
2.3.2. Ura: movimento contra a direção da mão direita, a mão esquerda é usada com direcionador. O corte perde a precisão e fica mais fraco, só é usado quando o praticante é pressionado contra um obstáculo que o obriga a cruzar os braços e trocar a guarda da espada.
3. Guarda: se refere ao posicionamento da espada entre o oponente e o praticante. Modificia a direção e a intenção do oponente e quebra o ritmo do combate.
3.1. Yin: guarda fechada, para afastar o oponente, a espada fica entre os dois impedindo o avanço do oponente, é usada como forma defensiva ou de contra-ataque.
3.2. Yang: postura aberta, mostrando a parte vital ao oponente a espada geralmente está numa posição inferior, lateral ou traseira onde o oponente se vê forçado a entrar em combate para aproveitar o instante para desferir seu golpe. É usado quando o praticante sabe mutio sobre tai sabaki e tem uma variedade de contra-ataques
O espírito
O espírito é a parte mais sutil de toda técnica. É quando praticante e espada se tornam um só. Essa união é baseada em três projeções, que formas as três partes deste grupo. Dentre o treinamento de kenjutsu consideramos essa grupo como o desenvolvimento espiritual do praticante, práticas como chikung, hatta yoga e Zha Zhong, são essenciais pra que ele compreenda as nuances e sutilezas do espírito do kenjutsu. As três projeções são:
1. Kiai: projeção de energia. A espada é usada como canalizador e potencializador da energia do praticante que a direciona ao oponente pra que quebrar seu ritmo e concluir seu corte. É feito nesse instante um kiai(rugido) para executar essa projeção. É a vida da técnica, sua parte Yang.
2. Ken: projeção da intenção de morte. Através do olhar e da mente se projeta uma inteção de morte, suficientemente forte para paralisar o oponente e forçar que ele ditubie e assim ganhar segundos de diferença para execução de uma técnica extremamente ofensiva. É a morte da técnica, sua parte Yin.
3. Shin: projeção do espírito. O praticante projeta seu espírito na espada e o unifica com o espírito da katana, assim os dois param de lutar entre si e caminham em uma única direção, é a parte mais sutil porém a mais poderosa de toda a técnica. Durante o treinamento o praticante aprende a sentir, a escutar e a ver o espírito da espada. É algo de nível bem elevado e quando alguém domina esse nível se torna um verdadeiro espadachim.
Gostei, a parte mais bonita e que gostei mais foi o espirito realmente
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